Pandemia, Desinformação e Plataformização: ações do ObservInfo são destacadas na Jornada Discente da Pós-graduação em Comunicação da UnB
A pesquisadora do Observatório, Liliane Machado, esteve ao lado de Raquel Recuero, da Universidade Federal de Pelotas e Nelia Del Bianco, da Universidade de Brasília
30 de junho 2022
O projeto de extensão/pesquisa ObservInfo foi apresentado, nesta terça-feira (28), pela prof. Dra. Liliane Machado na Jornada Discente de Pesquisa em Comunicação, evento online organizado pelos estudantes da Pós-graduação em Comunicação da Universidade de Brasília (PPGCom - UnB). Em 2022, o tema principal da Jornada foi a “Crise do conceito de verdade: Pós-pandemia e pré-eleições”.
Intitulada por Pandemia, Desinformação e Plataformização, a mesa-redonda de Machado também teve a participação das pesquisadoras Raquel Recuero, da Universidade Federal de Pelotas e Nelia Del Bianco, da UnB.
Em sua fala, Machado frisou a importância da regulação das mídias e da necessidade da pressão popular em torno da demanda, por parte da sociedade civil organizada, incluindo as instituições de ensino e as empresas jornalísticas, inclusive no que tange às condições de trabalho dos profissionais.
“A gente observa que um novo meio de comunicação, uma forma de se comunicar sempre vai fazer com que a gente recaia numa luta antiga, que é a ideia da regulação. Como é que vai regular essas plataformas? É a grande questão que a gente enfrenta”, reiterou.
Para Machado, “regular é a única forma de tentar que esses abusos – como a desinformação ou fake news – possam ser detidos ou controlados.” Neste sentido, Machado explicou a experiência em torno do Observatório Internacional Estudantil da Informação (ObservInfo) e suas ações de Educação para Mídia, na tentativa de promover iniciativas de Alfabetização midiática para a comunidade.
Dentre elas, a pesquisadora frisou como foram feitas as oficinas de crítica de mídia com estudantes de graduação em jornalismo da UnB, a oficina com alunos do ensino fundamental de uma escola pública em Brasília e com professores da Educação Básica de São Paulo, em parceria com a UNESP-Bauru.
Além disso, também foi apresentado o site de conteúdos diversos e a série de entrevistas da primeira temporada do Diálogos ObservInfo, materiais disponíveis na internet.
Por sua vez, Raquel Recuero tratou de Desinformação, mídia social: a infodemia no covid 19, apresentando resultados de pesquisas realizadas em âmbito do grupo de pesquisa MIDIARS – Mídia, Discurso e análise das Redes Sociais.
Dentre outras coisas, Recuero apontou como as mídias sociais constroem um espaço onde a desinformação “ganha superpoderes”, a partir da sua própria engenharia algorítmica, ferramentas que propiciam um engajamento segmentado, específico e de formação de “câmara de ecos”, uma filtragem de conteúdo que “repetem aquilo que eu quero ouvir”, também chamado de “polarização afetiva”.
“Tem a ver com extremização, discurso intolerante, incivilidade, toxicidade e violência. E cria um espaço perfeito para a circulação de desinformação porque ela [a polarização afetiva] vai separando as redes por um viés político e esse viés vai ensinar para o algoritmo que tipo de conteúdo eu posso receber.”
Já Nelia Del Bianco reiterou, a partir de pesquisas recentes e uma entrevista com a jornalista filipina Maria Ressa, ganhadora do Prêmio Nobel da Paz, como o fenômeno da Plataformização tem ameaçado a democracia e a manutenção da liberdade de expressão, tanto pelo massivo uso das plataformas para disseminar a desinformação, como também por um ambiente ausente de regulação e o descrédito, por consequência, na atividade jornalística.
Veja as falas das pesquisadoras na íntegra clicando no vídeo acima.